O corpo do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, falecido a 8 de Julho de 2022, em Barcelona, Reino de Espanha, por doença, chegou, este sábado, à noite, a Luanda, onde será sepultado com honras de Estado, em data a anunciar, segundo o porta-voz da Comissão Multissectorial para as exéquias, Marcy Lopes.

A aeronave da TAAG, que transportou a urna com os restos mortais de José Eduardo dos Santos, a viúva, os filhos do casal e outros membros da família, fez-se à pista do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro por volta das 19 horas, tal como o previsto. No local, a família foi recebida por uma delegação composta por vários membros do Executivo.

 A recepção foi testemunhada por um número considerável de jornalistas, de órgãos nacionais e estrangeiros, muitos dos quais estão no país para cobrir as Eleições Gerais.

Entre os membros do Executivo presentes no aeroporto, destaca-se o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, o general Francisco Pereira Furtado, que esteve à frente da delegação que seguiu de perto o processo ligado à transladação do corpo do antigo Presidente, de Barcelona para Luanda. Depois da retirada da aeronave, a urna seguiu para a residência do malogrado, no bairro Miramar.

 RECEPÇÃO COM LÁGRIMAS

A chegada do corpo de José Eduardo dos Santos ficou marcada por um forte sentimento de tristeza manifestada por vários cidadãos. Do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, até ao Miramar, havia centenas de pessoas perfiladas ao longo da avenida, que acenavam, aos prantos, para o carro que transportava a urna envolto à bandeira da República.

Nas janelas dos prédios, via-se muita gente a chorar. Alguns automobilistas abandonaram as viaturas, no meio da estrada, para verem, de perto, o carro que transportava a urna com os restos mortais. Houve pessoas que acompanharam o cortejo a pé, aos choros, durante uma distância considerável.            

EXÉQUIAS SEM DATA

Ainda é desconhecida a data das exéquias, mas o porta-voz da Comissão Multissectorial para a organização da cerimónia fúnebre de José Eduardo dos Santos, Marcy Lopes, assegurou que a mesma vai ser tornada pública a qualquer momento. “Nós iremos comunicar, atempadamente, o dia e o procedimento das exéquias”, informou.

Ressaltou que os próximos dias serão reservados para o tratamento de questões administrativas e protocolares inerentes ao processo, que disse carecer de muito cuidado e atenção, até ao dia das exéquias.

A transladação do corpo do antigo Presidente da República, de Barcelona para Luanda, dependia de uma decisão judicial, resultante da acção movida pela filha Tchizé dos Santos, que pretendia, por essa via, ficar com a tutela do corpo do pai.

O caso encontrava-se na Vara de Família do Tribunal Civil da Catalunha, que decidiu a favor da esposa, a ex-Primeira-Dama da República, Ana Paula dos Santos, e os filhos. Numa entrevista concedida aos órgãos de comunicação social nacionais, em Julho deste ano, em Barcelona, o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, general Francisco Furtado, que liderou a delegação, lamentou o facto de a situação ter chegado àquele ponto.

“O que eu sinto é que não devíamos chegar a este momento, da imposição de uma ou duas filhas, na tentativa de impedir que os restos mortais do ex-Presidente, José Eduardo dos Santos, fossem transladados para Angola”, salientou, na altura. O general Furtado lembrara que havia chegado o momento de manter um encontro com a família, em Barcelona, com a primogénita Isabel dos Santos e com José Paulino dos Santos, que participaram no encontro por áudio chamada.

No encontro, Isabel deixou expresso o desejo de ver o pai sepultado em Luanda, mas em condições que remetiam para a intenção do uso do corpo para outros fins. Na altura, a delegação angolana fez saber que não havia possibilidade para atender o desejo dos filhos. Finalmente, o corpo do antigo Presidente da República está em Luanda, desde ontem, tendo merecido já o carinho de diversos cidadãos.

fonte: JA