ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO “VOTOU, SENTOU” TIRA SONO AO MPLA
A maioria partidos concorrentes às eleições de 24 de Agosto não concorda com a posição da UNITA, que incentiva os eleitores a permanecerem a 500 metros das assembleias de voto depois de depositarem o seu boletim nas urnas.
O deputado do MPLA, João Pinto, disse ao Novo Jornal que a desconfiança da UNITA “só pode ser sobre os seus delegados de listas, pois, o apuramento que atribui mandato aos deputados só se faz no centro de escrutínio nacional”.
“O voto é um exercício de cidadania que exige de todos o civismo, respeitando a moral, bons costumes e a Lei. Não é a primeira vez que se realizam eleições em Angola, é a quinta vez, por isso, essa tese atenta contra a segurança dos eleitores e agentes da CNE”, referiu.
“A Lei é clara, o voto deve ser realizado depois dos procedimentos da mesa, cabendo ao eleitor secretamente votar no partido do seu coração. Depois retira-se e vai para casa descansar, esperando que a CNE divulgue os resultados provisórios à medida que as mesas forem enviando as actas síntese depois do apuramento parcial”, acrescentou.
Na sua opinião, permanecer nas assembleias de voto “é um acto de desobediência e visa atingir um objectivo de caos ou desordem em caso de desobediência às forças da ordem”.
“A oposição não pode orientar os seus militantes a sentarem-se a 500 metros por expor ou até violar o princípio do secretismo do voto”, afirmou.
Ao Novo Jornal, o jurista Salvador Freire dos Santos, afirmou que o apelo da UNITA tem a ver com a desconfiança sobre o modo como foi desenhado o sistema e os métodos para as próximas eleições.
“Quase todos vivemos numa cultura de desconfiança. As pessoas não confiam tanto nas instituições, nas informações que recebem e até nos demais, por causa do fenómeno corrupção”, disse o jurista.
“A corrupção tomou conta de nós até nas instituições de soberania. É verdade que os angolanos, no seu grosso, estão cada vez mais desconfiados, fundamentalmente com a CNE, porque naquelas instituições que deviam ser confiáveis, tudo pode acontecer, por causa dos interesses partidários”, acrescentou.