ELEIÇÕES: JÚ MARTINS DIZ QUE SÓ “LUNÁTICO” PENSARÁ EM HIPÓTESE DE VENCER O MPLA

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Luanda – Um dirigente do MPLA disse que só “um lunático” pensaria derrotar o partido que governa Angola desde 1975 e avisou o líder da UNITA para se conter em acções “que periguem a estabilidade”, evocando a morte de Savimbi.

Numa conferência de imprensa convocada para negar que a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) mantenha conversações com dirigentes de topo do partido no poder sobre uma possível transição pós-eleitoral, o secretário do MPLA para os assuntos políticos eleitorais, Jú Martins, falou sobre um conjunto de afirmações gratuitas “que foram proferidas por alguém que na política angolana devia ter mais responsabilidade”.

O responsável do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) referia-se ao líder do partido do “Galo Negro”, Adalberto da Costa Júnior.

Jú Martins disse que foi abordado pelo presidente do grupo parlamentar do MPLA, no sentido de se disponibilizar para um encontro com o presidente da UNITA, do qual deu nota ao presidente do partido (João Lourenço, também Presidente da República de Angola e que se recandidata ao cargo) e que se realizou em 27 de maio, num hotel de Luanda.

Ao longo de três horas e meia, falou-se de problemas do momento político actual, nomeadamente as listas dos eleitores e o tratamento da base de dados, bem como visibilidade dada pela imprensa pública à UNITA, mas não se abordaram questões relativas à transição.

“Qual transição, qual negócio”, sublinhou Martins, acrescentando que, para tratar de assuntos dessa natureza, teriam de ser mandatados pela direcção do partido, e não apenas pelo seu líder, já que “o poder se conquista, não se negoceia”.

Entre as trocas de impressões surgiram momentos de concertação, mas também diferenças quanto à acção política em que o MPLA deu nota que “algumas das acções que a UNITA estava a instigar não abonavam em favor da estabilidade”.

“Havia da parte do actual presidente [Adalberto da Costa Júnior] a notada convicção que estava predisposto a vencer as eleições e nós, a uma pergunta directa que nos foi colocada – se tínhamos algum receio de viver num país que fosse governado e liderado por ele – respondemos de forma frontal e categórica, que em Angola há muitos lunáticos e que eu estava a falar com um lunático e que se ele não trabalhou para vencer as eleições acreditaria que não teria hipótese de vencer as eleições”, relatou aos jornalistas.

Jú Martins disse também que, se eventualmente se foi criando a ideia de que a UNITA estaria em boas condições de vencer as eleições, isso resultou “seguramente” do facto de o MPLA ter limitado as actividades de massas no período da pandemia e durante o confinamento ter realizado muito poucas actividades públicas, “ao contrário de alguns segmentos da oposição e sectores contestatários da sociedade civil que ao arrepio da lei realizaram essas actividades”.

Criou-se por isso, “uma falsa imagem de que o MPLA pudesse estar acantonado, o que não era verdade”, pois assim que “se levantaram as restrições foi notória a capacidade de mobilização”, destacou o dirigente.

No encontro, foi também transmitido ao presidente da UNITA que algumas das acções que estava a organizar poderiam ter “um carácter subversivo” e que “a subversão foi vencida a 22 de fevereiro de 2002 [quando o líder e fundador da UNITA, Jonas Savimbi foi morto em combate pelo exército angolano] e foi vencida pelo Estado angolano”.

“Por isso, alertámos que não era avisado ele deixar que algum tipo de acções pudesse ter esse cunho, porque aí não era o MPLA que iria contender com a UNITA, e sim o Estado angolano com as suas instituições”, frisou.

“Como o fez em fevereiro de 2002, também o faria agora se continuarem a ser realizadas acções que perigam a estabilidade, a ordem pública, fora da matriz da contenda política”, vincou o mesmo responsável.

Segundo o dirigente do MPLA, a Adalberto da Costa Júnior foi também transmitido: “Sentíamos que o actual presidente da UNITA não controlava a sua organização e dissemos-lhe que era um presidente a prazo porque não tinha o DNA da UNITA”.

O secretário do MPLA para os assuntos políticos eleitorais revelou ainda que disseram também que “não era avisado fazer publicações de falsas sondagens, que não tinham ficha técnica nem sustentabilidade” e que apontavam para um desempenho da UNITA muito vantajoso, o que poderia “criar a falsa imagem de que se a UNITA perder as eleições de 24 de agosto seria devido a fraude ou [que] foram manipulados os resultados”.

Angola realiza as suas quintas eleições gerais em 24 de agosto, decorrendo a campanha eleitoral das oito forças políticas concorrentes.

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