“PALANCA NEGRA GIGANTE CORRE RISCOS DE EXTINÇÃO”

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O vice-governador provincial para o Sector Técnico e Infra-estruturas de Malanje, Angelino Kissonde, considerou, terça-feira, que a Palanca Negra Gigante, apesar de protegida por leis nacionais e tratados internacionais, ainda corre sérios riscos de extinção.

Angelino  Kissonde destacou a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora e os esforços empreendidos pelo Governo, mas salientou que há práticas que continuam a colocar a Palanca a correr muitos perigos.

Por isso, o vice-governador defendeu a necessidade de se melhorar a gestão dos parques, com acções de reabilitação de infra-estruturas e incremento das acções de sensibilização da população local, assim como educar, recrutar e formar novos guardiões do animal.

“Isto pode impulsionar o ecoturismo local e gerar ainda mais rendas, ajudando a economia local e promover a protecção da nossa Palanca Negra Gigante”, realçou  vice-governador provincial de Malanje.

E, no âmbito dessa problemática, especialistas, membros do Governo local e da sociedade civil reuniram-se, na cidade de Malanje, para avaliar o estado actual da Palanca Negra Gigante, uma espécie rara no mundo, que tem Cangandala, cerca de 28 quilómetros da capital malanjina.

Sobre o encontro, o vice-governador referiu que, nos anos 70, as cifras da Palanca Negra Gigante rondavam as 2.500. Actualmente, este número baixou para 210 unidades, sendo cerca de 90 estão concentradas no Parque Nacional de Cangandala e outras 120, na Reserva do Luando. Na base deste problema, Angelino Kissonde apontou a caça furtiva, em que se usam armadilhas e armas de fogo. “Esta é a principal causa da diminuição e continua a ser a maior ameaça desse animal, considerado nosso símbolo nacional”, lamentou o vice-governador.

 CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

A representante do Instituto Nacional da Biodiversidade e Áreas de Conservação, Marta Zumbo, presente no encontro, referiu que esforços estão a ser envidados para promover a protecção ambiental.

Por exemplo, avançou que o sector do Ambiente e parceiros têm criado políticas para a conservação da biodiversidade do país, com a implementação da Estratégia Nacional e do Plano de Acção da Biodiversidade 2019/2025.

Marta Zumbo explicou que estas estratégias visam a promoção, investigação científica e a divulgação da informação sobre a biodiversidade.

A representante do Instituto da Biodiversidade e Áreas de Conservação considerou a Palanca Negra Gigante como uma subespécie que se encontra na lista vermelha de Angola, ou seja, na categoria ameaçada de extinção. Por isso, disse existir um grande esforço do Executivo para reverter o quadro actual. Apesar dos resultados positivos, disse que “o nosso símbolo nacional, ainda necessita de uma protecção especial, não só o próprio animal, mas, também, o seu habitat”, referiu Marta Zumbo.

 DOIS ANOS DIFÍCEIS

O membro da Unidade Técnica do Comité para a Preservação da Palanca, Vaz Pinto, que falou do estado actual do antílope, considerou que os dois últimos anos foram muito complicados, principalmente nos trabalhos de campo, por causa das medidas relacionadas com a pandemia.

“Nós temos menos informações hoje do que gostaríamos de ter e, precisamente por isso, uma das prioridades, no curto prazo, vai ser a realização de um censo actualizado dos animais (palancas), para sabermos ao certo como é que estamos”.

Vaz Pinto acredita que haja alguma esperança que os números tenham melhorado, mas salientou ser preferível que se façam primeiro estudos para a disposição de números mais concretos. “Porém, não podemos esquecer que a situação económica, por causa da Covid-19, também, criou mais caçadores furtivos”.

Acrescentou que o actual período de cacimbo vai ser aproveitado para a obtenção de dados concretos, numa altura que ainda estão presentes os efeitos da chuva prolongada. “O capim está muito desenvolvido. Nós estivemos agora no Parque de Cangandala e a mata dificultou que encontrássemos os animais, daí afirmar que temos dados muito pouco actualizados”, explicou Vaz Pinto.

Nesse esforço para protecção da Palanca Negra Gigante está a Exxon Mobil, uma instituição que está a apoiar o projecto de conservação do animal, há 15 anos.

Desde essa altura, a Exxon Mobil já investiu mais de dois milhões de dólares, segundo informações prestadas pelo seu director de Relações Públicas e Governamentais, Armando Afonso. Este valor deu para apoiar várias actividades de conservação, com destaque para a reabilitação do Parque Nacional de Cangandala, compra de coleiras GPS para identificar os animais, contribuição de estudos científicos e aquisição de outros equipamentos usados na protecção da Palanca.

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