PADRE CUBOLA DIZ QUE MPLA ESTÁ EQUIVOCADO QUANTO À BATALHA DO KUITO KUANAVALE

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O padre Félix Cubola, em Cabinda, considerou um equívoco a declaração do Bureau Político do MPLA em que oficializa o dia 23 de Março como sendo a data de celebração da África Austral. Para Cubola, o partido no poder confunde a comemoração do Kuito Kuanavale com a da região austral africana

MUKWÁ KILUNJE

O prelado refere que a comemoração da África Austral não é uma data consensual entre os líderes dos países dessa região.

“O MPLA deveria falar simplesmente da guerra do Kuito Kuanavale, porque não é consenso dos Presidentes da região que o dia 23 de Março seja decido assim”.

No entender do pároco, as comemorações deveriam confinar-se à luta do Kuito Kuanavale ou, caso contrário, o MPLA terá que definir o que quer de facto. 

“O Bureau político do MPLA tem que se definir se de facto quer celebrar o quê. A guerra do Kuito Kuanavale ou a libertação da África Austral? Essa é a questão que deve ser respondida”, disse.

No entanto, o padre considera que o partido que suporta o governo tem estado a enganar o povo angolano; porém, acrescenta que essa é uma pretensão demagógica para fins meramente político. 

“Há aqui uma manipulação sustentável do MPLA que não diz qualquer verdade às pessoas; será que todos os países da África Austral celebraram o dia 23 de Março como dia da região?”, questionou.

Ou seja, o também arcebispo desafia o MPLA para que divulgue um memorando em que conste que na reunião dos chefes de Estado chegou-se à conclusão que o 23 de Março transcende as fronteiras de Angola para toda região austral.

Em relação à batalha do Kuito Kuanavale em concreto, Félix Cambola não arrisca em apontar vencedores e apela à reflexão em torno daquilo que foi o pior conflito armado no território angolano.

“Não deveriam fazer da data uma festa, deveriam fazer disso uma reflexão sobre aquilo que aconteceu naquele dia. Portanto, ou queremos exaltar a guerra ou queremos celebrar a paz”, alertou. 

Para o clérigo, os argumentos que apontam a guerra de Mavinga como sendo o vento que definiu a independência da Namíbia e a libertação de Nelson Mandela, não condiz com a verdade. “É falso dizer que aquela guerra é que deu independência à Namíbia e libertou Nelson Mandela, é falso isso”, condenou.

Por outro lado, Cambola chamou a atenção ao MPLA sobre os problemas que se mantêm na província de Cabinda em relação aos ataques protagonizados pela FLEC, que vitimam não só militares bem como inocentes entre os quais mulheres e crianças.

“Se o Bureau Político do MPLA quer resolver o problema da África Austral eu pergunto: quantas vezes esse partido implantou diálogo para que haja paz definitiva em Cabinda? Porque manda material bélico e militares para Cabinda?”, questionou. 

Porém, alertou que a guerra em Cabinda vai continuar enquanto não haver negociação entre as partes. “Enquanto não se conversar, a guerra sempre requer outra guerra”, disse.

Contudo, o eclesiástia chamou atenção para um estado democrático e de direito passando uma pincelada à postura do Tribunal Constitucional relativamente ao “chumbo que aplicou ao partido de Abel Chivukuvuku bem como a não aprovação do congresso da UNITA”.

Em gesto de apelo, salientou que um diálogo honesto e pacífico para dar solução aos problemas da província mais à Norte de Angola é indispensável.

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