EUA PREOCUPADOS COM AS POLÍTICAS ANTI-DEMOCRÁTICAS DO REGIME ANGOLANO

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A situação política em Angola tem sido motivo de críticas constantes de diversas entidades internacionais principalmente em relação ao que está a ser considerada como “manobras” para “manter o MPLA” no poder nas eleições gerais de Agosto próximo

MBINZA DIKOZA

O Centro Africano de Estudos Estratégicos (CAEE), divulgou recentemente um relatório que reflecte pontos de vista e preocupações de centros de decisão e acompanhamento da realidade angolana, por parte dos Estados Unidos da América (EUA), que só por critérios de oportunidade e outros não os manifestam directamente.

As políticas do governo angolano têm sido objecto de críticas e/ou de denúncias do CAEE, sobretudo pelo que é considerado “um apertado controlo” das instituições do Estado por parte do MPLA, e são descritas no relatório como “manobras” destinadas a garantir ao partido no poder uma vitória nas eleições gerais a realizarem-se em Agosto próximo.

Por exemplo, são apontados factos como controlo dos tribunais, interpretado como destinando-se a criar “obstáculos burocráticos” tendentes a condicionar a oposição, bem como a alteração de disposições da legislação eleitoral, em especial a que estabelece um sistema de contagem de votos centralizado em Luanda, considerado propenso à fraude.

Assim sendo, o clima de crispação interna que as políticas eleitorais do regime estão fomentar no país, suscita preocupações regionais e internacionais, a que se acresce a tendência de instabilidade que já se vai verificando, como o recente acontecimento de Sanza Pombo, a par de manifestações da oposição e da sociedade civil, que o relatório diz estarem a ser “reprimidas”.

O documento refere que “há conhecimento de divisões no próprio regime”, porque no seio do próprio MPLA, há gente que não concorda com determinados procedimentos que estão a ser levados a cabo pela cúpula do partido.

 O relatório do CEAA é interpretado em meios norte-americanos com abalizado conhecimento da política dos EUA para Angola “como um elemento de pressão destinado a levar as autoridades angolanas a rever o rumo das suas políticas actuais e a concentrar-se em domínios que o próprio documento indica”, como orçamento de “reformas genuínas”; a criação de condições para uma participação política mais inclusiva e o respeito pelo Estado de Direito.

Baseado, como nele se refere, em “preocupações de líderes da sociedade civil”, o relatório do CAEE, também terá sido calculado como um “aviso”, incluindo a João Lourenço, que apesar d a sua manifesta intenção de um encontro com o Presidente Joe Biden, tal audiência dificilmente ocorrerá sem uma alteração do actual clima político em Angola.

A pretensão de João Lourenço para uma audiência com Joe Biden não é nova e a falta de correspondência da Casa Branca a esse desejo do estadista angolano tem sido interpretada em meios norte-americanos competentes como uma “decisão política”.

Para a opinião pública norte-americana, João Lourenço via a audiência apenas como uma oportunidade para melhorar a sua imagem e contribuir para o projectar interna e externamente, reabilitando a sua reputação e popularidade que cada vez mais vai caindo em “queda–livre”.

Igualmente, considera-se que João Lourenço caiu no descrédito e perdeu a imagem inicial devido à sua “má governação, transparência duvidosa, retrocesso democrático, entre outros”, criando um cenário que não recomenda, pela sua natureza, a aceitação dos EUA à sua pretensão.

A isso junta-se ainda o facto de, o regime de João Lourenço, eventualmente movido por interesses próprios, mas também por influências da Rússia e da China, continuar a manter antigas “reservas” em relação aos EUA, embora se diga o contrário.

Desde que João Lourenço assumiu a liderança do país, o próprio regime dividiu-se e ele não tem tido capacidade para reverter o quadro internamente no seu partido e, por efeito directo da sua linha política, as fricções com a oposição só foram aumentando, em meio a muita propaganda enganosa com a manipulação dos órgãos de comunicação social do Estado.

O interesse dos EUA em Angola apresenta como um dos seus principais componentes os sectores da defesa e segurança. A parceria estratégica que desde o fim da guerra civil os EUA denotam intenção de estabelecer com Angola, tem como principais pilares a defesa e segurança, seguindo-se os planos políticos e económico.

Esta realidade justifica a atenção especial que o Pentágono dedica a Angola. Em 2017, foi o Pentágono o departamento do governo escolhido para acompanhar e conferir proeminência a uma visita de João Lourenço, efectuada ainda na qualidade de candidato presidencial. É corrente que os EUA alimentavam, então, expectativas benignas em relação a João Lourenço e às suas propostas reformistas.

Porém, mal se apanhou com o “bolo” na mão, a postura do Presidente angolano mudou radicalmente, pelo que não se justifica uma atenção especial por parte de Joe Biden recebendo-o na Casa Branca, porque também não teria como justificar politicamente.

As preocupações dos EUA em relação às actuais tensões políticas em Angola, agravadas por uma crise económico-financeira considerada complexa, são, em geral, partilhadas por governos europeus que igualmente acompanham a situação.

A recente viagem de Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA, por alguns países, inclusive os EUA, visou alertar para a situação em Angola e pedir “missões de bons ofícios” no sentido de ajudar a desanuviar o clima tenso e nebuloso que se instalou com o aproximar do pleito eleitoral.

Adalberto Costa Júnior, cuja popularidade interna tem aumentado sobremaneira nos últimos dias, também por efeitos das acções subversivas do regime visando o seu enfraquecimento e isolamento, quase todas com o recurso a instituições do Estado, alertou, no seu périplo, para a fraude eleitora que já está a ser preparada e apelou aos diversos governos para ajudarem com acções que demonstrem às autoridades angolanas que os seus actos são acompanhados e que, por visa disso, há conhecimento de  propósitos menos claros das suas políticas.

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