ANGOLA CONDENA PASSIVIDADE DE GOLPES DE ESTADO

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Malabo – O Presidente da República, João Lourenço, considerou haver inação e passividade dos organismos regionais e continental contra os golpes de Estado em África, que vêm ocorrendo com “inadmissível frequência”.

O Chefe de Estado angolano referiu que os golpes de Estado, ocorridos recentemente em África, tiveram lugar em países com governos legitimamente constituídos saídos de  eleições democráticas.
João Lourenço, que discursava neste sábado, na abertura da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo sobre Terrorismo e Mudanças Inconstitucionais de Governos em África, lembrou que a União Africana condena os golpes de Estado.
“Estamos perante uma sucessão de actos que constituem um recuo significativo, relativamente aos ganhos políticos, económicos, sociais e em matéria de estabilidade e segurança”, expressou, na ocasião.
Defendeu maior firmeza dos organismos regionais e continental contra essas acções e medidas que inviabilizam o funcionamento de governos que se constituíram com recurso à força militar. 
Para o Presidente angolano é importante que os líderes africanos prestem particular atenção às mudanças inconstitucionais de governos em África.
O Chefe de Estado entende que a inacção, indiferença, o silêncio e a passividade perante esses actos possam contagiar, estimular e generalizar esta prática no continente. 
No seu discurso, o Presidente angolano insistiu numa acção coordenada das organizações regionais sempre que acontecer alguma mudança inconstitucional do poder, independentemente de haver derramamento de sangue ou não.

Experiência de Angola na resolução de conflitos

No discurso, João Lourenço falou também da experiência de Angola na resolução do seu antigo conflito.

Adiantou que Angola tem uma experiência de 27 anos seguidos de um conflito interno que parecia não ter fim, mas depois de muitas tentativas e contribuições de proveniências distintas, prevaleceu a fórmula assente no diálogo entre irmãos angolanos desavindos.

Perante vários homólogos de países africanos,  João Lourenço explicou que na base do diálogo e de outras contribuições, os angolanos conseguiram pôr fim definitivo à guerra de décadas. 
O Chefe de Estado angolano referiu que este modelo, ajustado à realidade de cada país, pode ser replicado em outros pontos do continente onde pairam conflitos de natureza diversa.
A título de exemplo, citou o caso da República Centro-Africana, onde se pode constatar avanços significativos embora ainda insuficientes no processo de apaziguamento interno. 
No encontro, João Lourenço também falou dos grandes problemas do continente, entre os quais, a fome, miséria, pobreza, as doenças endémicas, o desemprego, a falta de infra-estruturas, a fraca electrificação e industrialização.
Referiu-se, igualmente, à pouca conectividade entre os estados, que resulta na não integração económica das diferentes regiões e do continente e no seu fraco desenvolvimento económico e social.

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