MARINAHA DE GUERRA ACUSADA DE SIMULAR DESAPARECIMENTO DE FUZILEIROS ANGOLANOS

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Os familiares do tenente César Augusto Campos Kissanga e do segundo cabo Leonardo dos Santos Alberto, ambos da Marinha de Guerra de Angola anunciaram, no último dia  25, do mês corrente, o desaparecimento misterioso, destes efectivos em missão militar, há mais de 8 dias na região sul do país.

Redacção

Tudo eclodiu de rumores que circulam nas redes sociais dão conta da ocorrência de um naufrágio na costa marítima da Baia Farta, província de Benguela, no dia 18 de Maio de 2022, quarta-feira, de uma lancha, uma pequena embarcação que estava a ser rebocada por uma outra embarcação da marinha.

Trata-se de uma das 6 embarcações que estariam a ser arrastadas em águas profundas e todas puxadas por um só barco do Lobito para a província do Namibe, sul de Angola e que eram provenientes de Luanda.

Na embarcação naufragada viajavam 5 militares da Marinha de Guerra.

Segundo os mesmos relatos, 3 dos militares à bordo foram resgatados com vida pelas equipas de socorro e salvamento no local.

Dois outros estariam desaparecidos até hoje.

Era uma missão que partiu de Luanda arrastando, em mar profundo, pequenas embarcações e lanchas novas, recentemente adquiridas pelo país, em condições de navegação autónoma ou passíveis de transporte em meios rolantes, sendo rebocadas pelo mesmo barco, uma atrás da outra, de forma arriscada, com efectivos militares à bordo, partindo de uma escala na região de Benguela para a província pesqueira do Namibe, sem que estes mesmos efectivos estivessem devidamente equipados com meios de proteção, segurança e sobrevivência à navegação marítima, segundo as alegações.

Devido à natureza não convencional e insegura desta operação, adicionada à falta de informação pública, as especulações questionam o destino real que teria sido dado a estas embarcações e a identificação do comandante da missão.

Até agora a Marinha de Guerra não fez nenhum esclarecimento e comunicado público sobre o assunto.

Desde o dia desta alegada incidência, as famílias perderam o contacto com estes dois efectivos do corpo da marinha desaparecidos em missão naquela região.

À luz destas alegações que lhes causam choque e perturbação, as famílias têm tentado, por inúmeras vezes, obter informação oficial sobre a localização e paradeiro dos seus familiares efectivos da marinha, mas sem sucesso, pois as versões da história são oficiosas e profundamente contraditórias.

Não obstante o facto da Marinha de Guerra ter prometido, sucessivas vezes, o envio de uma comissão oficial às casas dos familiares para esclarecer o assunto, ela nunca concretizou, agudizando ainda mais o sofrimento e a devastação no seio das famílias.

É com base nesta falta de esclarecimentos públicos e tendo direito à informação oficial que as famílias forçaram um encontro formal, na passada quarta-feira, 25 de Maio de 2022, com o Vice Almirante Victor Alberto, Comandante Adjunto para Educação Patriótica da Marinha de Guerra que em nome da Marinha finalmente confirmou o desaparecimento em missão dos dois efectivos a 11 milhas náuticas da costa de Benguela.

Era uma missão orientada pela Casa Militar do Presidente da República e o Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas( FAA) de reboque que saia de Luanda, passou por Lobito e seguiria para o Namibe, rebocando 6 lanchas novas, em alto mar, segundo relatos dos familiares que participaram da reunião e que disseram que ouviram isso de Victor Alberto.

Após o desaparecimento dos efectivos, oficiais da área da acção psicológica contactados pela família disseram aos familiares que ambos efectivos desaparecidos eram os únicos que viajavam à bordo sem o equipamento de segurança e nem constavam do manifesto de bordo.

Indicaram que eles viajavam por conta e risco pessoal, à margem da missão, pois era espectável que chegassem apenas até o Benguela e não fossem ao Namibe.

Já o Vice-Almirante Victor Alberto disse aos familiares dos desaparecidos que o tenente Kissanga recebeu o colete flutuante, mas dispensou o uso do equipamento por decisão pessoal e sugeriu o segundo cabo Leonardo Alberto a retirar igualmente o seu colete do corpo.


“Tão logo o segundo cabo Leonardo Alberto obedecia e retirava o colete do corpo, eis que surpreendentemente surgiu um mau tempo( tempestade)e uma onda fez virar a lancha que, entretanto, não se afundou, tendo somente ambos desaparecido no mar, sem deixar rastos e nem poder nadar até às restantes 5 embarcações e equipas de socorro, incluindo o rebocador. As outras embarcações continuavam em serviço e não foram afectadas pela tempestade. Todas elas, incluindo aquela embarcação virada continuavam ligadas por uma corda, uma atrás da outra, como nos explicou o oficial superior Alberto, disse Simões Chico, tio do tenente Kissanga.


“Sendo familiares”, disse o senhor Chico, “ficáramos pasmados e revoltados a ouvir esta versão oficial “extraordinária” da Marinha de Guerra de Angola.”

“A história é tão incrível que ficamos a questionar que Marinha de Guerra é esta que transporta os seus barcos arrastados e puxados uns atrás dos outros, em alto mar, marinha cujos oficiais usam o equipamento de segurança e sobrevivência quando e como quiserem, e, até não sabendo nadar, se caírem ao mar afogam-se e desaparecem misteriosamente, mesmo a poucos metros de equipas de salvamento e embarcações da corporação seguradas todas por uma corda?”, disse o senhor Chico.

“Apenas a embarcação deles virou e 3 efectivos foram resgatados com vida”, disse a nossa fonte familiar, citando o Vice Almirante Victor Alberto que reafirmou aos familiares dos desaparecimentos que na marinha todos são bem tratados e vistos como parte de uma única família.

Curiosamente, até agora a marinha tem evitado visitar a casa dos desaparecidos, alegando que não tem o contacto dos familiares e nem conhece onde muitos dos seus efectivos vivem.

“O Vice Almirante disse-nos que o tenente Kissanga estava lá como assistente do comandante da lancha que não quis identificar”, explica um familiar que pediu o anonimato. “ Como nos disseram, o tenente Kissanga pertencia à outra embarcação de maior calibre, agora ele foi parar lá na lancha, o Almirante disse que não sabia explicar-nos”, acrescentou.

Para as famílias, a versão oficial da marinha navega em ficção e só lhes faltou dizer também que foram os desaparecidos que provocaram o mau tempo para que a marinha pudesse escapar das suas responsabilidades.


Rejeitando e deplorando a falta de responsabilidade da marinha até a data e a versão oficial da marinha que consideram enganosa, ficcionada e irresponsável, as famílias sublinham que a Marinha de Guerra de Angola é a entidade responsabilizada directamente pelo paradeiro, localização e sobretudo pela segurança dos seus entes familiares desaparecidos.

A Marinha de Guerra disse que o trabalhos de busca e socorro continuam, podendo durar 10 anos.

Disciplinado e tendo provado alto grau de profissionalismo e confiança ao serviço da Marinha de Guerra de Angola, o tenente César Augusto Campos Kissanga, de 32 anos de idade, de nacionalidade angolana, é jovem promissor e licenciado em Artes Militares da Marinha em Portugal. Está há 12 anos trabalhando no mar e ligado à Marinha de guerra de Angola.

O cabo Leonardo dos Santos Alberto, de 24 anos de idade, é angolano, fuzileiro e especialista de técnica e armamento.

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