LOPES MUFUMA O MILITAR VETERANO ABANDONADO A SUA SORTE PELO MPLA

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Lopes Mufuma é um combatente veterano que pertenceu a extinta Forças Armada Popular Para Libertação de Angola (FAPLA) durante cerca de 30 anos servindo à pátria com audácia e firmeza. Hoje está abandonado a sua sorte, Mufuma diz que passa dificuldades até apara se alimentar.

Pedro Vicente

Acompanha a grande a entrevista com o militar de gema.

JORNAL HORA H: COMO TEM SIDO A VIDA DEPOIS DE DEIXAR A VIDA MILITAR?

Lopes Fuma: A minha vida é dramática, estou nas forças desde 1975, se estiver a mentir, tenho o meu instrutor que se chama Nzumbi, que meu treinou aqui na Tourada: fazíamos tiros no Grafinil com G3, ali havia um cemitério. Em 1975 saímos de Luanda para Lobito e depois fomos a Cabinda, na altura o chefe do estado-maior era o João Luís Neto, o senhor João Luís Neto levou um amigo, no navio este o senhor José Eduardo dos Santos, chegamos naquela montanha que está entre Cabinda e o Congo, o amigo do senhor João Luís Neto não aguentou a subida e no topo da montanha o amigo chamou atenção do chefe do estado-maior. “João Luís, você me traz no sofrimento, pensei que fosse comer e beber, você não sabe que eu sou alfaiate?” Depois dessas palavras tirou uma laranja na pasta atirou e atingiu o ombro do chefe e nós assustamos com àquele atitude do amigo e o chefe disse para não se importar com aquilo porque são amigos de longa data. Ele disse: “lhe deixam, não lhe batem, estamos a defender o xietu, que em portugues significa país.

JHH: QUEM DISSE ISSO?

LM: É o chefe João Luís Neto, o nome de Xietu chegou até ao Congo Brazavil, quando encontramos o senhor Agostinho Neto, perguntou: “quem é que vocês estão a lhe chamar Xietu? E nós respondemos e apontamosos amigos do senhor João Luís Neto e hoje esse senhor é general.

JHH: O QUE É QUE MAIS LHE INCOMODA SENHO MUFUMA?

LM: O que me incomoda primeiro, é a caixa social, eu tenho direito de estar na caixa social, tenho documentos, o antigo presidente teve acesso os meus documentos, o actual presidente esteve comigo em Cabinda em 87 quando recebeu patente de capitão eu lhe assisti na parada. Porquê que não mereço a caixa social?

JHH: ESTÁ FALAR DO PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO?

LM: Sim, estou a falar dele. Em 1992 o MPLA nos honra compromisso de novo para sede do partido, que tem o seu gabinete na Vila Alice, ainda funciona,

JHH: O SENHOR SAIU DO CONGO BRAZIVIL PARA TRABALHAR NO GABINETE DO MPLA AQUI EM LUANDA?

LM: Exactamente. Esse gabinete foi criado tendo em conta os acordos de bicesse, saímos do Congo pra Angola, eu pertenci a UGP.

JHH: O SENHOR DISSE QUE FOI A BRAZAVIL, DEPOIS DO CONGO REGRESSA PARA ANGOLA PARA UGP?

LM: Sim, fomos nós que criamos a UGP até a transição, depois apareceu a tropa regular que durou até os acordos de bicesse e nós ficamos acantonados na Funda. No mesmo ano, fomos desmobilizados, tenho até o passe de desmobilizado, outros não tiveram tempo, eu já sei os truques do MPLA, é tudo mentira, outros não tiveram passe. Em 92 tratamos os documentos para a caixa social e não tem solução. Tenho aqui os documentos que o Dino Matrosse, quem entregou-lhe é o senhor Luís dos Espaço, foi o meu comandante no Bié, em 77, mal o documento chegou na mão dele, remeteu na caixa social e ele me deu uma resposta negativa.

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